quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Enquanto Natal afunda na lama, seu Prefeito promove uma festa privada com dinheiro público

Da Carta Potiguar

O Prefeito de Natal, Paulinho Freire, pediu ajuda ao Exército para tirar o lixo vergonhosamente acumulado nas calçadas e canteiros da cidade. Pergunto: uma administração municipal que não tem recursos para coletar o lixo pode gastar rios de dinheiro para ajudar a promover uma festa privada (cuja segurança, limpeza, etc. são por conta da Prefeitura)? Não poderia usar aqueles recursos para retirar o lixo das ruas? Ou o Exército precisa poupá-la desse gasto para que possa injetar mais recursos numa micareta? E, coincidentemente, logo no final de semana anterior a essa festa?

Outras perguntas: uma Prefeitura que não paga há mais de três meses os professores das escolas municipais e há mais de seis meses vários outros funcionários públicos pode gastar dinheiro para ajudar a promover uma festa privada? Uma cidade cuja saúde foi declarada em estado de calamidade pode destinar recursos para contribuir com a promoção de um Carnaval fora de época?

Para quem não vive na capital potiguar, é bom informar que o atual Prefeito – que substituiu a Prefeita cassada pela Justiça, Micarla de Souza, de quem era vice – é o proprietário da empresa promotora de uma das maiores micaretas do país, o Carnatal, que acontece daqui a uma semana. Como sempre, ou talvez mais ainda dada essa infeliz coincidência entre quem ocupa o máximo cargo do Executivo municipal e quem promove a festa, o Carnatal vai parar a cidade inteira durante quatro dias e contar com um consistente apoio financeiro e logístico da Prefeitura. Tudo para que uma ínfima minoria de cidadãos possa pular, brincar, se embriagar, beijar qualquer pessoa que passar pela frente, transar enquanto a gigantesca maioria dos natalenses vai sofrer todo tipo de transtorno – mobilidade urbana atrapalhada, aumento dos crimes, acidentes de trânsito por causa da bebida, brigas na rua, sujeira, barulho ensurdecedor noite adentro em um bairro inteiro, etc. – durante aqueles dias.

Canteiros e calçadas abarrotados de lixo há semanas; unidades de saúde sem remédios, leitos, itens básicos para o atendimento como gazes, desinfetantes, etc. e às vezes sem médicos; professores sem receber há meses, escolas no caos e o risco do ano letivo ser cancelado, prejudicando milhares de alunos. Nas atuais condições em que se encontra a capital do Rio Grande do Norte, realizar o Carnatal vai ser um crime contra a cidade e todos os seus habitantes.

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