O lançamento de “O Nome de Deus é Misericórdia”, produzido em
parceria com o vaticanista Andrea Tornielli, do diário italiano “La
Stampa”, acontece nesta terça-feira (12). Leia a seguir trecho do novo
livro do papa Francisco no qual ele aborda a corrupção.
“A corrupção é o pecado que, em vez de ser reconhecido como tal e de
nos tornar humildes, se tornou sistema, (…), uma forma de vida. Não
sentimos necessidade de perdão e de misericórdia, mas justificamo-nos e
aos nossos comportamentos.
Jesus diz aos seus discípulos: ‘Se alguém te ofender sete vezes ao
dia e sete vezes vier te dizer ‘Arrependo-me’, perdoa-lhe’. O pecador
arrependido, que depois cai e recai no pecado por motivo da sua
fraqueza, encontra novamente perdão quando reconhece que necessita de
misericórdia. O corrupto, por sua vez, é aquele que peca e não se
arrepende, peca e finge ser cristão, e com a sua dupla vida provoca
escândalo.”
“O corrupto não conhece a humildade, não sente necessidade de ajuda,
leva uma dupla vida. Em 1991, dediquei a este tema um longo artigo,
publicado num pequeno livro, ‘Corrupção e Pecado’.
Não é preciso aceitar o estado de corrupção como se fosse apenas mais
um pecado. Embora muitas vezes se identifique a corrupção com o pecado,
na realidade trata-se de duas realidades diferentes, apesar de
interligadas.
O pecado, sobretudo se reiterado, pode levar à corrupção, mas não
quantitativamente –no sentido de que um determinado número de pecados
não fazem um corrupto–, quando muito qualitativamente: criam-se hábitos
que limitam a capacidade de amar e levam à autossuficiência. O corrupto
cansa-se de pedir perdão e acaba por acreditar que não deve pedir mais.”
“Não nos transformamos de repente em corruptos; existe um longo
caminho de declínio, para o qual se desliza e que não se identifica
simplesmente com uma série de pecados.
Uma pessoa pode ser uma grande pecadora e no entanto pode não ter
caído na corrupção. Aludindo ao Evangelho, penso no exemplo das figuras
de Zaqueu, de são Mateus, da samaritana, de Nicodemo, do bom ladrão: nos
seus corações, pecadores todos, tinham alguma coisa que os salvava da
corrupção. Estavam abertos ao perdão (…), e foi essa abertura que
permitiu que a força de Deus entrasse.
Ao reconhecer-se como tal, o pecador de alguma forma admite que
aquilo a que aderiu, ou adere, é falso. Por sua vez, o corrupto esconde
aquilo que considera o seu verdadeiro tesouro, aquilo que o torna
escravo, e disfarça o seu vício com a boa educação, arranjando sempre
uma forma de salvar as aparências.
Do blogue: Qualquer semelhança com o PT não será mera coincidência!
Robson Pires
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