Símbolo da Pastoral do Povo de Rua, em São Paulo, o padre Júlio
Lancellotti se diz decepcionado com a gestão do prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, na assistência social e admite até votar contra sua
reeleição. “Não sei que quadro vai se pôr [na disputa], mas não gostaria
de repetir essa experiência”, afirma.
Lancellotti –tradicionalmente apontado como apoiador do PT– se queixa
do estilo centralizador de Haddad e de sua administração
“compartimentada” na área social. “A sociedade merecia resposta mais
articulada”, diz. Ao reconhecer sua frustração, ele relata uma conversa
com o secretário de Habitação, João Withaker, de quem teria ouvido ser
“melhor Haddad do que Datena (PP).
“Eu disse para o Withaker: ‘melhor um inimigo declarado do que um
inimigo disfarçado'”, conta. Sentado num banco da paróquia São Miguel
Arcanjo, Lancellotti descreveu, na quinta-feira (7), suas tensas
reuniões com o Haddad. Ao final de uma delas, tomou uma atitude que
admite impulsiva: bateu com a ponta dos dedos na têmpora de Haddad e
perguntou:
“As coisas não entram na sua cabeça, prefeito?”. Em outra discussão
com Haddad, Lancellotti o comparou ao ex-prefeito e hoje senador José
Serra (PSDB) para reclamar do uso de força para a remoção de população
na rua. “Não levei gás de pimenta na cara na gestão do Serra, mas levei
na sua”.
Marcos Dantas
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