
Se o objetivo principal de uma partida de estreia é quebrar a ansiedade do início de uma competição, o Brasil fez isso bastante bem em seu jogo diante do Egito, no Millennium Stadium de Cardiff: em 25 minutos, o quarteto ofensivo se soltou, a equipe marcou três gols e deu a impressão que se espera de quem chega disposta a ganhar um ouro inédito.
O lado preocupante, porém, foi aquele que veio a seguir, no segundo tempo: sem a mesma intensidade, o time de Mano Menezes aos poucos viu sua vitória tranquila se transformar num jogo difícil, sofrendo o que pode ser classificado de apagão, que acabou com os brasileiros preocupados depois de levar dois gols de um time egípcio que retornou para o segundo tempo mais solto e perigoso, graças em boa parte à entrada de Mohamed Salah. O resultado, no entanto, foi o esperado: vitória, três pontos e mais tranquilidade para enfrentar a Bielorrússia na segunda jornada. Mas o aviso, por sua vez, ficou bem dado.
Ataque à vontade
Com Oscar controlando o ritmo de tudo o que acontecia do meio-campo para a frente – fosse parar a bola, fosse acelerar – e o trio de ataque se movimentando incessantemente, precisou de pouco tempo para que os brasileiros se sentissem confortáveis e começassem a transformar o primeiro tempo num massacre.
Foi justamente dos pés de Oscar que saíram os dois primeiros gols. Primeiro, o meio-campista recém-contratado pelo Chelsea junto ao Inter surpreendeu a defesa e devolveu um passe para o lateral-direito Rafael dentro da área. Ele cortou para dentro e, mesmo com a perna esquerda, não titubeou em bater no canto e abrir o placar. Dez minutos depois, aos 25, a zaga bobeou num lançamento longo, e Oscar chegou à frente do zagueiro, driblou o goleiro Ahmed Elshenawi e, já sem ângulo para concluir, rolou para seu ex-colega Colorado Leandro Damião bater para o gol vazio.
Em uma das várias arrancadas com a bola dominada que alternaram Hulk e Neymar, veio o terceiro: o santista partiu do meio-campo em diagonal, da lateral-direita para o meio, e serviu Hulk na ponta-esquerda. O cruzamento do jogador do FC Porto foi justo na cabeça do próprio Neymar, que decretou o 3 a 0 da primeira etapa.
Virou jogo
A vantagem tão ampla em tão pouco tempo parece ter tirado boa parte da pressão do jogo. Isso significou duas equipes mais relaxadas: o Brasil, por isso, menos efetivo. E o Egito, por sua vez, mais atrevido. Foi assim que, logo aos sete minutos, após uma confusão na área, Mohamed Aboutrika pegou o rebote de um chute na trave e diminuiu. A partir de então, se os brasileiros, pela superioridade técnica, ainda criavam suas chances, era claro também que havia mais espaço para os africanos atacarem e levarem perigo.
Foi em mais uma dessas empreitadas – um lançamento longo vindo da esquerda – que o Egito diminuiu o placar e definitivamente transformou o que era uma goleada numa vitória tensa. Mohamed Salah recebeu na meia-lua, dominou com habilidade para se livrar de Juan Jesus e Marcelo e acertou um belo chute colocado, de esquerda, no canto direito. O placar, então, começou a refletir a diferença da Seleção nos dois tempos de seu primeiro jogo no Torneio Olímpico. Para sua sorte, a qualidade da primeira etapa valeu mais do que o apagão da segunda.
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